JOÃO FRANCISCO CAVALCA

JOÃO FRANCISCO (JOANIM) CAVALCA, o filho caçula de Paolo Biagio Cavalca e Leonilda Pesca, nasceu em Ribeirão do Porto Franco, município de Brusque – SC, hoje Botuverá, no dia 03/04/1884. Neto paterno de Luigi Cavalca e Laura Cabrini e neto meterno de Antonio Pesca e Anunciata Grassi, foi batizado no dia 20 de abril do mesmo ano pelo cura Ganasini, sendo padrinhos Jacinto Molinari e Catharina Facchini.

Acompanhando seu pai e irmãos, veio à procura da Colônia do Piagüi, no município de Guaratinguetá. Ficou para traz a irmã mais velha Anunciata com o marido Giovanni Zanca, e os primos Leonilda (1889) e Sperandio (1891).

Embarcaram num vapor até o porto do Rio de Janeiro e de lá seguiram por terra até a Colônia de Porto Real – RJ, onde faleceu sua mãe Leonilda Pesca no dia 21/06/1889.

Com muito trabalho comprou a Fazenda Sertãozinho, mais conhecida por todos como Fazendinha. Situada no bairro do Rio Acima, foi o berço de todos os filhos, com exceção do caçula João que nasceu na cidade.

Durante 25 anos trabalhou como meeiro para o Sr. Caetano Caltabiano para quitar a dívida que contraíra na época da compra de suas terras (1904). Em 1939quando quitou sua dívida vendeu suas terras para outro fazendeiro o Sr. Odilon Ferreira Leite. Comprou um chalé na Avenida João Pessoa, 484, no bairro do Pedregulho e passou a viver dos rendimentos da venda de suas terras e aluguéis.

De temperamento rude, mas compassivo não abria mão de uma boa companhia à mesa e ficava sempre no portão convidando parente e amigos para à mesa.

Faleceu em 22/01/1950, vítmima de colapso cardíaco, conforme firmado pelo Dr. Carlos Rabello Júnior e declarado pelo seu genro Paschoal Bernardo Richardelli.

ELISA VILLANOVA

No dia 14 de julho de 1882, na Comune di Mure in Salcedo, Provincia di Vincenza, Regione del Veneto, Italia, nascia GIULITA ELISA VILLANOVA, filha de Francesco Villanova (1843) e de Cecilia Dal Ponte (1844). O casal Villanova, acompanhado de seus filhos Francesco (1868), Maria (1872), Giuseppe (11/07/1875) e Giovanna (01/04/1880) e ELISA, embarcaram no porto de Genova, a bordo do vapor ADRIA e desembarcaram em Santos – SP, no dia 03 de janeiro de 1891. Seguiram para a Colônia do Piagüi, em Guaratinguetá, onde no dia 10 de março de 1893, tomaram posse do lote nº 24.

JOANIM e ELISA casaram-se e tiveram os filhos Izabel, Leonilda, Luzia, Geraldo, Maria (Nega) e Florinda (Linda).

No dia 09/04/1914, ELISA VILLANOVA faleceu em decorrência de febre peuperal. As filhas Leonilda e Luzia faleceram na infância.

IZABEL

A diferença de idade entre sua primogênita Izabel e MADRINHA era de apenas quatro anos. Muitas vezes quando seu pai JOANIM chegava em casa, encontrava as duas brincando juntas de boneca. Aos 19 anos de idade, num dos muitos bailes que seu pai realizava na Fazendinha, Izabel conheceu José Bárbaro (19/03/1902), filho de Cézar Bárbaro e Santa Marchine. Numa época onde o futuro de uma moça de família era o trabalho e a dedicação ao lar, Izabel e José uniram-se em matrimônio no dia 22/05/1922, cujo casamento não foi do agrado de seu pai nem de sua madrasta, mas para apoiar sua filha, JOANIN arrumou um emprego para José Bárbaro, de leiteiro, na cidade. Os primeiros filhos do casal nasceram em Guaratinguetá: Maria José, Judith, Joana, José Benedito e Fani, na Rua Tenente Quirino, 202, bairro do Pedrgulho, em Guaratinguetá - SP. Com a pouca sorte de seu marido, mudaram-se para a zona rural da cidade de Varginha - MG, onde moravam os sogros de Izabel. Enfrentando o árduo trabalho na colheita de café, e com uma gestação a cada ano, a saúde de Izabel debilitou-se rapidamente. Sem poder trabalhar e conseqüentemente ajudar no sustento da família, eles conheceram de perto a miséria e a fome. As dificuldades eram tantas que não tiveram como pagar o registro de nascimento de seus filhos Francisco Lúcio e Inês, nascido em Minas Gerais. Um dia Izabel recebeu a visita de seu irmão Geraldo, que ficou consternado com a situação da sua irmã e de seus sobrinhos. Retornou trazendo consigo sua sobrinha Judith, que foi morar com ele e sua esposa Geni. Com a tia Geni, Judith aprendeu ler, escrever, cozinhar, bordar e fazer crochê. Passado alguns meses, Geraldo voltou a Minas, com o consentimento e o apoio de seu pai, trouxe sua irmã, o marido e os filhos de volta para Guaratinguetá. Foram morar numa casa na Av. João Pessoa, num imóvel do Comendador Rodrigues Alves, onde hoje existe hoje a ponte Rosinha Filippo. Nesta casa modesta, com uma vida conjugal de grandes dificuldades, nasceu Werter. Tio Geraldo também providenciou o registro civil dos sobrinhos Lúcio e Inês, com a mesma data de nascimento. JOANIN sensibilizado com a precária situação da família de sua filha Izabel, usou de sua influência junto à direção do Orfanato Puríssimo Coração de Maria, para conseguir que sua neta Inês, ficasse como interna naquela casa. Inês sempre chorava pedindo para ir morar com a sua irmã Judith. Num dos muitos passeios realizados pelas freiras do Orfanato, ao passar pela Ponte Metálica, Inês ameaçou pular no rio Paraíba, caso não fosse devolvida à sua irmã Judith. Para aproveitar sua vaga, foi colocada sua irmã Fani, cujo temperamento muito rebelde, fez com que as freiras a devolvessem em menos de 2 meses. Quando Judith completou 13 anos, foi trabalhar na fábrica de cobertores, resultado da grande amizade de seu avô com “Seu” Cappio, que também ajudou a empregar José Bárbaro, para trabalhar no almoxarifado da mesma fábrica. A saúde de Izabel era comprometedora, pois sofria de hipertensão. Muitas vezes o recurso utilizado pela sua filha Judith, era a sangria de seus pulsos para diminuir a pressão arterial. Com a gravidez de alto risco, no dia 22/11 aos 42 anos de idade, IZABEL faleceu ao dar à luz sua filha Maria Antônia, que também faleceu 50 dias depois de seu nascimento. Alguns anos depois outro episódio marcou José Bárbaro e seus filhos: a morte de seu filho Werter Bárbaro, por envenenamento causado por ingestão de joá bravo. Depois de viúvo, José Bárbaro casou-se novamente e na queda de uma escada no seu serviço, fraturou a base do crânio, vindo a falecer em 11/09/1954.Judith conheceu seu marido José Francisco da Silva na Fábrica de tecelagem de Guaratinguetá e casaram-se. Desgostosa com a morte da mãe e do irmão, Judith e, José mudaram-se para São Paulo e levou consigo todos os irmãos. Trabalharam como tecelãos no Lanifício Ítalo Adami, em Itaquaquecetuba- SP e depois junto com o irmão Ditinho e Zica, foram trabalhar na Moóca na Tecelagem Santa Lúcia. Em 1960 Lúcio foi trabalhar na de Celulose e Papel Simão, em Jacareí- SP, onde conheceu sua espoa Leonilda e lá se casaram. Em 1970 Ditinho foi trabalhar na floricultura herdada de seu sogro, na Av. Água Rasa, perto do Cemitério da 4ª Parada. A Zica faleceu de depressão pós-parto.

GERALDO

Geraldo conheceu Jenny Bedacchi, filha de José Amilcar Bedacchi e Florinda Tavares. Trocou a inicial do nome de sua esposa pela letra “G”, para que combinasse com o seu e todos os seus filhos deveriam ter a mesma inicial. Com o cunhado Irlair Bedaque, combinou a criação dos nomes dos filhos: Gilberto (Beto), Gilda (falecida ainda quando criança), Genivaldo (Vardo), Gilmeire (Meire) e Girleni (Lena).Com forte personalidade, Geraldo foi uma pessoa de vanguarda para sua época. Fez curso de pilotagem, e numa aposta com os amigos sobrevoou o rio Paraíba do Sul, passando sob o vão central da ponte metálica...uma grande aventura na época. Também instalou a energia elétrica na Fazendinha. Dono de grande beleza física e esmerado no modo de vestir-se, sempre usava camisa de mangas longas brancas, gravata, com uma pérola para fixar o nó e um elegante chapeú. Na revolução de 1932 foi motorista do Comadante das tropas revolucionárias na região e tanto era esmerado na apr~encia que os voluntários lhe faziam continência ao invés do Comandante. Foi comerciante de secos e molhados e de jóias. Teve um armazém vizinho ao chalé de seu pai na Av. Joaõ Pesso, 484. Depois teve um outro armazém na confluência das ruas do Porto e Nova. Na construção da ligação entre Cunha e Paraty foi voluntário como tratorista na abertura da estrada.

MARIA (NEGA)

MARIA herdou a carcaterística genética de sua mãe ELISA que era morena de pele e por isso foi apelidda por NEGA pelos familiares. Sua juventude foi na fazenda junto com os irmãos e sempre que ia aos bailes, no outro dia tinha de pajear os irmãos menores. Nega pajeava o Nino, enquanto linda cuidava do TAVINHO.

Casou-se em Guaratinguetá com Atílio Zangrandi,filho de Cesare Zangrandi e Maria Tonisse. Sua sogra Maria Tonisse era de temperamento fortíssimo o que provocou um afastamento de todos os netos. Depois de casada continuou morando na Fazendinha, onde Atílio ajudava na roça. NEGA sempre gostou de “pitar” fumo de rolo. Quando seu pai vendeu a fazenda e veio para a cidade, Atílio tornou-se caminhoneiro e foi com família morar em Aparecida, numa chácara alugada no bairro Santa Terezinha. A escolha de Aparecida era por um aluguel mais barato e ficava perto do trabalho os filhos mais velhos Cezar e José, que trabalhavam na beneficiadora de arroz do cunhado Paschoal Richardelli, no Campo do Galvão. A dificuldade era tanta que o filho José ia almoçar em Aparecida e voltava com o almoço do irmão Cesar, para não gastar muito com a passagem do bondinho que ligava as duas cidades. Mais tarde mudaram-se para Guaratinguetá, na rua vizinho ao campo do time de futebol do Teci Guará.NEGA e Atílio viveram nesta casa té o fim da vida.

TEREA SACCHET

Outra família italiana, os SACCHET, originária da Comune di Feltre, Provincia di Belluno, Regione del Veneto, Italia, embarcou no porto de Genova (30/06/1876), no vapor Ester, sob o comando do Capitão Francesco Carlo, chegando ao Rio de Janeiro em 31/07/1876. No dia 28/02/1877 embarcaram no navio Rio Grande com destino à Colônia Itajahy – Príncipe Dom Pedro, atual Brusque, indo para o distrito de Porto Franco, atual Botuverá - SC: Vittorio Sacchet (46), sua esposa Cecilia Carriri (36) e os filhos Pietro (13), Luigi (8), Maria (5), Giovanna Maria (2) e Giustina (7 meses).

Uma parte dos SACCHET, tiveram o mesmo destino dos CAVALCA, a Colônia do Piagui, em Guaratinguetá, onde nasceu TEREZA SACCHET, em 03/06/1898, filha de Pietro Sacchet (1864) e Virgínia Mansini (1868), proprietários do lote 52.

JOANIN conheceu TEREZA SACCHET e casaram-se no dia 04/11/1914. Um fato curioso no processo de casamento de JOANIN era que ele atestava que era viúvo “sem filhos”. Este fato explicava-se pelo fato de seus herdeiros do primeiro casamento serem menores e ele não ter de dividir o patrimônio que, com tanta dificuldade, começava a amealhar.

De seu casamento com TEREZA SACCHET teve os filhos: Vicente, José (Zéquinha), Deolinda (Nenê), Antenor (Nino), Octávio (TAVINHO), Luzia (Lucinda), Alice e João (Joãozinho).

JOANIM construiu sua vida ao lado da segunda esposa, TEREZA, que cuidou de todos os filhos. Para que não houvesse distinção de tratamento entre os filhos legítimos e os enteados, TEREZA era chamada por todos de MADRINHA. Essa forma de tratamento passou, para todos seus descendentes.

Vicente (Vicentinho)

Era o primogênioto do casaL JOANIN e TEREZA. Trabalhou na fazenda até seu casamento con Geni Abissi. Como seu pai vendeu a fazenda nesse mesmo ano, partiu em busca de trabalho numa fazenda em Piracuama, município de Pindamonhangaba – SP. Quando sua esposa ficou grávida do primeiro filho, vieram para Aparecida. Alí tiveram o “Bar Queiroz” e “Bilhar Tradicional” , junto com o irmão José (Zéquinha), ambos negócios localizados  na ladeira Monte Carmelo.

Na década de 50 comprou em sociedade com o irmão Antenor (Nino) e o amigo Antenor Gil, uma fazenda na Serra do Mar, município de Ubatuba – SP, onde extraíam madeira, pra beneficiar e também faziam carvão. Em 1954 uma lei municipal criada pelo vereador José Cembranelli, proibia o extrativismo de madeira e carvão na Serra do Mar e em consequência disso abriram a falência da serraria. Venderam a propriedade para o dentista paulistano Juber Fonseca e veio com a família morar em Taubaté – SP. Morou inicialmente na Avenida Dr. Whinter e depois num num sobrado na Rua SãoJosé, quando sua esposa faleceu subitamente vítima de um aneurisma cerebral. Casou-se em segundas núpcias com a cabeleireira Clarisse Nogueira Claro, viúva e mãe de dois filhos: Eduardo e Maria Helena. Continuou em Taubaté na profissão de corretor de imóveis até seu falecimento.

JOSÉ (ZÉQUINHA)

Zequinha foi o último filho a deixar as terras do pai. Sempre trabalhou com afinco na roça, principalmente na ordenha das vacas. Cuidava da horta com esmero e entregava as verduras para os irmãos Nino e TAVINHO venderem na cidade junto com o nono Pedro Sacchetti.

Era exímio dançarino e conquistador, disputado por todas as mulheres nos bailes nas fazendas.

Numa de suas muitas viagens à cidade, visitou a casa na Rua São Benedito, no Campo do Galvão, onde morava seu primo Ernesto Palandi e conheceu Geralda de Almeida Castro, que era irmã da Geni, esposa de Ernesto. Casou-se com Geralda e foram viver na Fazendinha, junto com seus pais. Geralda teve três filhos: Zilda Aparecida, Cláudio Manoel (que faleceu aos seis meses de idade vítima de meningite) e Regina Helena.

Quando a fazendinha foi vendida em 1940, veio trabalhar no armazém de seu pai, junto com seu irmão Nino, na Avenida João Pessoa. Depois foi morar em Aparecida para trabalhar no “Bar Queiroz” e “Bilhar Tradicional”, junto com o irmão Vicentinho. Na década de 50 foi trabalhar numa fazenda na Serra do Mar, município de Ubatuba – SP, de propriedade dos irmãos Viecntinho e Nino e o amigo Antenor Gil onde extraíam madeira, pra beneficiar e também faziam carvão. Em 1954 com a lei que proibia o extrativismo de madeira e carvão na Serra do Mar, a sociedade faliu e voltou a morar com a família em Aparecida. Com a venda dos negócios foi indenizado e comprou uma casa na Rua Pedro Cappio, no bairro do Pedregulho, em Guaratinguetá. Começou a trabalhar na beneficiadora de arroz “Graglia e Richardelli” de propriedade do cunhado Paschoal Richardelli e ernesto Graglia, no Campo do Galvão, onde se aposentou.

Após o falecimento de sua esposa Geralda, casou-se em com Maria Aparecida de Carvalho, mas separarm-se poucos anos depois.

Foi morar na casa de sua filha Zilda, té seu falecimento.

DEOLINDA (NENÊ)

A primogênita do casal JOANIM e TEREZA gostava muito de cantar nas festas e bailes da Fazendinha. Numa dessas festas Nino, que era irmão da Nenê, convidou o amigo Paschoal e Chico Veloso para participarem do baile. Quando Paschoal ouviu Nenê cantar ele se encantou e foi paixão à primeira vista. Filho de imigrantes italianos Paschoal morava com a mãe em suas suas terras no bairro dos Lemes, onde foi morar depois de casado. Ali nasceu sua filha Wilma. Quando Joanin faleceu (1950) Nenê e Paschoal foram morar com a Madrinha no chalé da Av. João Pessoa.

Em 1953 Paschoal arrendou sua propriedade para seu empregado Nézio e iniciou com seu sobrinho Ernesto Graglia uma sociedade de beneficiamento de arroz chamada “Graglia e Richardelli”. Nesta época passaram a morar no Campo do Galvão, primeiramente na Rua São Benedito e depois na Rua Cel. Pires Barbosa, 575, vizinho à beneficiadora. Com o falecimento precoce de Ernesto Graglia, a firma passou a contar com novos sócios com o nome de “SOGAL - Sociedade de Gêneros Alimentícios Ltda.”

Octávio (TAVINHO)

Nasceu numa quarta-feira do mês de Agosto, às 8:30 horas, na Fazenda Sertãozinho, no Bairro do Rio Acima, município de Guaratinguetá, pelas mãos da parteira Nhá Chica. Recebeu o nome de Octávio em homenagem ao compadre Otávio Marcondes, padrinho de seu irmão Nino. Foi batizado na Igreja Matriz de Santo Antônio, pelo Monsenhor João Filippo, aos 18/09/1922, tendo como padrinhos Amélia e José Abdalla. Seu padrinho de crisma foi José Elias. O menino crescia com saúde e paz, correndo pastos, caçando passarinhos e já ajudando nos serviços da roça. Criado nos princípios da religião católica, fez sua primeira comunhão no Orfanato Puríssimo Coração de Maria, descalço, por não possuir sapatos apropriados para a ocasião. TAVINHO, foi o apelido dado com todo carinho pela sua mãe.

No Brasil estoura a Revolução Constitucionalista e muitos dos parentes e amigos da família são acolhidos e escondidos, pela mata adentro, por seu pai, dentre eles: o irmão Geraldo, o cunhado Getulinho, os primos Juca e Tonico, os amigos Rafael e Afonso Mollica, Alípio, Nhonhô e Nenê Bedacchi. Eles dormiam numa gruta e recebiam os alimentos das mãos dos meninos que subiam a serra, entre eles: TAVINHO.

Tendo frequentado o Grupo Escolar Dr. Flamínio Lessa, ele concluiu o curso primário com média de cincoenta e seis inteiros. Dona Auta, Dona Hilda, Dona Afonsína e Sr. Benedito, foram seus professores; aqueles que lhe passaram os ensinamentos que valeram a conquista do seu dia a dia. Mas mesmo estudando o pequeno menino já trabalhava. No caminho da escola ele entregava verduras no Hotel Guará, na rua Comendador João Galvão, ajudando assim o "nono" Pedro Sacchet a vender suas hortaliças.

Em 1938, partiu para o noroeste do estado, para trabalhar nas terras de seu padrinho José Abdalla, tentando ganhar a vida e poder ajudar a sua família. Nas terras do município de Birigui, ele conheceu homens rudes e violentos e durante muitas noites TAVINHO teve vontade de voltar para o aconchego de seu lar, até que um dia o fez. Quando chegou em casa, deparou com seu pai à porta da fazenda e foi recebido com muita alegria. Passado alguns meses foi trabalhar em Aparecida, com seus irmãos Vicentinho, Zequinha e Nino, no Bar Queiroz.

Em 1939 alista-se no exercita brasileiro, indo servir como Cabo Condutor, no Porto de São Sebastião, cuidando de 105 cavalos, 45 carroças e 100 soldados.

A juventude de TAVINHO foi marcada por muitos bailes, serestas e namoros. Frequentava o Clube Literário para jogar cartas com os parceiros: Nino, José Godêncio, Chico Bartelega, Lê Turco e tantos outros. Em 1945, casou-se com a senhorita Luzia Darrrigo, filha de José Darrigo e sua prima Anunciata Cavalca. Por serem primos em segundo grau, enfrentaram grande resistência da família, mas o amor falou mais forte. Abençoados pelo Padre Antonio Almeida de Morais Júnior,desposou aquela que lhe domou o coração e foi conquistada pelos versos de "Saudades do Matão”. Trabalhava no armazém do Juca Cavalca e foram morar na Rua da Colônia, hoje Rua Alberto Barbetta, 122, numa casa de propriedade de seu pai "Joanim". Nesta casa nasceram seus filhos Mércia Aparecida, Mirna Maria e Marcos Otávio.

No dia 26/12/1952, muda-se para o bairro do Campo do Galvão, indo residir à Rua São Benedito, 71 onde sua família vive atualmente. Em 1953 se tounou proprietário do armazém em que trabalhava e a sociedade Cavalca & Cavalca, eram o irmão Nino, o primo Juca, o cunhado Nini e co-cunhado Waldemar. Com esse último, em 1957 transforma o armazém na Padaria Santo Antônio. Desfeita a sociedade, em 1958 TAVINHO foi até São Paulo a procura de emprego e consegue, no dia 03/05 - dia de Santa Cruz - a representação de venda de farelo de algodão e trigo da SANBRA – Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro e Moinho Pacifico, e a de sal e sardinha da Salinas Pereira Bastos, no Rio de Janeiro. Trabalhou até aposentar-se com estas representações. TAVINHO já era pai de mais um filho nascido no Campo do Galvão: Márcio Benedito.

Apaixonado pela vida no campo, em 1962, comprou de seu irmão Vicentinho, em sociedade com Juber Fonseca, 2120 alqueires de terra na Serra da Ubatuba, para extração de madeira, carvão e palmito. Com a proibição da exploração destes materiais, pelo governo, a Fazenda N. Sra. da Ponte Alta foi vendida em 1965.

Em 1965 nasce pelas mãos do Dr. Sigaud, de parto cezariana, sua última filha, Mônica Maria.

Em 1976 adquiriu 311 alqueires na Serra da Mantiqueira, no bairro do Embau, em Cachoeira Paulista, tendo como sócios o irmão Geraldo, Afonsino Correa e posteriormente Hélio Manzanette e o co-cunhado Waldemar, para a extração de areia para a fabricação de vidro da PROVIDRO. Com a dívida da fazenda em dólar, no Banco do Brasil, os outros sócios não conseguiram honrar os compromissos e as tarras foram vendidas em 1977.

TAVINHO tinha muita fé em Deus e no seu trabalho e investiu sempre na construção de imóveis para um futuro mais garantido. Construiu quatro casas na.Av. Ministro Salgado Filho, uma vila de onze casas - Vila Otávio Cavalca - e mais outras sete casas na rua Augusto Schmuziger, todas no bairro do Pedregulho. Faleceu em decorrência de complicações do diabetes.

Luzia (LUCINDA)

LUZIA nasceu numa sexta-feira do mês de Agosto, na Fazenda Sertãozinho, no Bairro do Rio Acima, município de Guaratinguetá, pelas mãos da parteira Nhá Chica. Recebeu o nome de Luzia, pela promessa feita por  sua mãe à Santa Luia, devido a uma inflamação nos olhos contrída no parto.Como Luzia em italiano é Lucia, foi apelidada por LUCINDA. Foi batizado na Igreja Matriz de Santo Antônio, pelo Monsenhor João Filippo, aos, tendo como padrinhos. Sua madrinha de crisma foi Maria (Santinha) Caltabiano. Na sua infância ficou marcada por um fato trágico: sofreu uma picada de urutu, quando ia visitar sua irmã Nega, que havia dado à luz sua prima Irene. Com a falta de socorro na roça, foi tranportada para a cidade, aos cuidados do jovem médico Dr. Sigaud. Em convalescência na csa de sua prima Nerdina, recebeu o dignóstico de que não poderia amamentar seus filhos, quando os tivesse. Em 1939 mudou-se com sua família para o chalé da Av. João Pessoa, no bairro do Pedregulho.

Na sua adolescência, foi trabalhar em Aparecida, no Bar Queiroz, de propriedade de seu irmão Vicentinho. Seus irmãos TAVINHO e Nino serviam ao Exército Brasileiro, junto com um jovem de Aparecida: Benigno Arantes. Nino, interessado na irmã de Benigno, convidou-o para almoçar na sua casa, quando viu Benigno pela primeira vez. Namoraram por seis anos e se casaram na Basílica Velha de N. Sra. Aparecida, em 23/12/1945. Com a profissão de funileiro, Benigno tinha poucos recursos para e sutentar e foram morar em Aparecida, na casa do sogro, Benjamin Arantes, na Praça São Benedito, 41, por 20 anos. Seu Benjamin era relojoeiro e antregou a parte da frente da casa onde montaram uma loja de presentes (até 1958), depois padaria (até 1965). Benigno investia todo o lucro na compra de terrenos e num deles, adquirido do Sr. João Matuck, onde construíram a mais bela casa de Aparecida (1962 -1965), na rua Anchieta, onde vivem até hoje.

Com a falência da loja montaram a Padaria ABC, onde com as próprias mãos bateram a laje e financiaram o forno elétrico. Quando terminaram a casa, indenizaram os funcionários e fecharam o estabelecimento. Durante três anos LUCINDA confeccionava jogos em espuma pra banheiro e Benigno vendia-os em domicílios. Com o falecimanto de sua mãe, LUCINDA recebeu sua parte na herança, quitou a dívida de Benigno com o INSS para que ele se aposentasse. Mais tarde juntou a aposentadoria de ex combatente. Tiveram dois filhos Paulo Renato, formado em medicina e residente em Mogi das Crues – SP e Ângela Maria, diretora de ensino, em Guartinguetá – SP.